segunda-feira, 1 de maio de 2017

Apreciação crítica - teatro Os Maias

O teatro a que assistimos a maior parte dos alunos do 11º ano da ESCA, na Póvoa de Varzim, baseado no romance Os Maias de Eça de Queirós, diferia, claro, do romance, em variados aspetos, sendo de reforçar os poucos espaços. Só havia adereços referentes ao vestíbulo e escritório de Afonso no Ramalhete, à casa dos Gouvarinho, à casa da Rua de São Francisco e ao espaço da corrida de cavalos; e as poucas personagens.
Nos aspetos referidos, notava-se o reduzido orçamento de que se dispunha, mas os atores e encenador(es) arranjaram a maneira perfeita de o contornar.
O enredo relativo ao amor de Carlos e Maria Eduarda foi pouco focado, mas o mais importante e imprescindível foi, sem dúvida, referido.
Outras partes da intriga e da crónica de costumes foram deixadas de fora, mas houve arte mesmo nisto, pois só sofreram aquelas de que era possível prescindir. Embora a algumas personagens, algo abundante n’Os Maias, não houvesse a mais pequena referência, algumas das que não foram representadas foram referidas de um modo tão vivo que pareciam ter estado lá… sentíamos a sua presença e o seu peso, como é o caso de Raquel Cohen. Além disso, a companhia conseguiu, genialmente, condensar toda a carga da crítica social do romance - abordada em enorme extensão, diversos episódios e imensas personagens - nas personagens de Dâmaso (sem dúvida uma personagem e representação a realçar neste teatro), do casal Gouvarinho e em certos momentos e tiradas de Carlos e Ega.
Deste modo, a genialidade e versatilidade dos atores fez esta peça - que podia ter sido banal e medíocre, devido à enorme tarefa e aos parcos recursos que tinham - ser especial, interessante e adequada à grandiosidade da escrita e da obra de Eça.
Em resumo, penso que a peça é fiel às ideias-chave da obra, mas de maneira original, diferente, e com um toque de modernidade (principalmente nos improvisos) adequado ao público-alvo.


Conceição Maria Santiago Nunes Gonçalves

Nº4   11ºF

Recensão crítica

Os Maias no teatro
            Esta peça que apesar de obviamente não ter atores para todas as personagens e ter sempre as limitações do teatro na forma de contar uma história foi bem realizada e, na minha opinião, fez jus ao nome do livro que estava a ser representado.
            As personagens foram, em geral, bem concebidas, como o exemplo de Ega e Dâmaso. No caso de Dâmaso, acho que foi a primeira vez que o simples facto desta personagem estar em cena não me fez querer passar à frente. Por outro lado, Ega, apesar de ser muito bem representado, acho que a personagem é fácil, pois a mesma é bastante cativante na obra.
            Falando do outro lado, Maria Eduarda foi, a meu ver, a pior personagem, para além de ser muito silenciosa, a atriz mostrava muita pouca emoção e expressões nas suas falas… parecia débil…
            A música presente neste teatro era variada e bem aplicada, desde Clair de lune para momentos mais melancólicos ou trágicos, até à sonata patética que é referida no sarau da Trindade.
            Na falta de uma personagem, os dois atores principais olhavam para o público e mostravam-se como se estivessem a falar com alguém, apesar de não ser o mais fidedigno ao livro, esta interactividade teve a sua graça e deu um toque especial à representação.
            Por último, queria salientar a incrível capacidade de improvisação da equipa. Esta habilidade foi mais notável, quando na peça o ator que encarnava Dâmaso deixou cair uma caneta e, conjuntamente com Ega disfarçou com comicidade esse facto.
            Para concluir, quero dizer que gostei da peça e acho que vale todos os cêntimos do bilhete de entrada.


Henrique Lopes, 11º F